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martes, 10 de septiembre de 2019

2 poemas de O SACIAR DAS AVES de FERNANDO FITAS



I

Neste lugar de ventos aportou
para sossegar o corpo das canseiras
que as intranquilas asas lhe conferem
e doar quantos cios acumulara
no farnel de palavras obtido.

Traçada estava   então    a bissectriz
de ignorados sonhos despertados
e uma rebelde lágrima soltou-se
de seu olhar ausente mas cativo.

Num vértice da árvore ergueu o seu casulo
para que resguardado fosse das ciladas
que as invernias trazem em seu tempo
e um anelo de vida aconteceu
um dedal de esperança pressentiu
um cabaz de silêncios recolheu.

Este será — direi— o derradeiro pecúlio
de todas as viagens a que foi
sem que tocado houvesse seus domínios.
Fernando Fitas- in “ O Saciar das aves”


VI
Semeador de afectos foi ainda
e de estrelas e sonhos pressentidos
 com que traçando vai o mapa das palavras
 que mais sustento dá a sua rota.

De todos os silêncios conhece cada sílaba
Que   sobrevindo    toca a harpa dos sentidos
 e nelas se enaltece e se desnuda
 se afirma prisioneiro e destemido
 em quanta rebeldia lhe concede
 o soletrar seu nome proibido.

Por ele se comove    se revolta
se crê injustiçado e ofendido
no mais profundo gozo que carrega
em seu farnel de esperas e partidas.

Fernando Fitas- in “ O Saciar das aves”
Ilustración de Matilde Granado Belvis

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