… uma multidão
compacta desce à rua.
E perguntamos
nada.
A toda a volta
sabemos cercas, vedações, aramados
que reluzem
sombras e desfazem sonhos.
Escravos, pedintes
de alma, habitantes de uma treva seca
cidade a cidade
vila a vila
calados, muito
calados,
unissonamente
calados,
apenas
pretendendo que o tempo passe
que ninguém nos
fale
que possamos
desaparecer.
Sem saber para
onde.
Sem sequer saber
para onde.
Assim nos querem.
Assim não
deveremos ser.
Fernando Cabrita. Missa Branca. Poesía a Sul, 2020
Fotografía de Carmen Lourdes Fdez. de Soto
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